Cheguei à beira do fim do mundo. Lá, senti a brisa do último suspiro, ouvi sussurros dos últimos desejos, vi o pôr do sol das civilizações, e chama do último amor dando luz à escuridão. Abismo. Ele nada chama, só espera, pacientemente, que pela estrada dos destinos, o tempo encaminhe a todos. Inviolado, tudo que ali se perde, fica, se encontra, pra nunca mais, nunca menos.
Respirei fundo e saltei no breu da minha sina. As feridas que julguei curadas, abriram-se todas. Os amores que julguei perdidos, me revisitaram. Os sonhos mais remotos também se fizeram presentes, ao mesmo tempo, marcando num único compasso a última nota de todas as coisas que faziam de mim e fizeram, eu.
Encontrei-me à beira do abismo. Lá vi a mim mesmo consumido pelo desespero e salvo pela esperança, num momento, um instante parecia eternidade. Saí daquele ambiente, visitei a casa ao lado. Uma velha estrutura em madeira. À frente, uma cadeira de balanço. Nela, sentei. Embalado pelo tempo, via a fila de homens, criaturas, objetos e abjetos passarem à minha frente. Nem os mais íntimos me reconheceram. A cada balanço, transfigurava nova aparência. Era eu, mais jovem, mais velho, o que seria, o que nunca pude ser.
Fechei os olhos à espera de um último embalo que nunca veio.
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