domingo, 12 de julho de 2009

Nicolas e a solidão

Nicolas estava de férias. No meio do mato, sem caminho para lugar algum. O rancho do seu tio era bem precário, mas ainda transpirava boas lembranças de uma infância onde sua família ainda parecia feliz e saudável - isso aos olhos de uma criança de 8 anos. Agora tinha 22, um artigo publicado em 5 anos e vontade alguma para trabalhar na sua área. Foi buscar um pouco de nada no meio de terra nenhuma.

Aí apareceu uma sereia.

Descascou a sereia e fritou na panela velha, comeu com um garfo enferrujado. Oxidou o coração, jogou lixo nas plantas e pintou o céu cinza de inverno. Sentou-se no chão, com as costas apoiadas na parede do sótão. Enchia os pulmões de poeira, apagou a memória. Os olhos ficaram amarelos, os dentes e garras cresceram, comeu um rato. Virou um gato, miando na noite fria. Foi pra cidade e morreu atropelado, de caridade.

4 comentários:

  1. Sei lá.. acho que eu teria ficado coma sereia e iria voltar para o mar com ela. Nadar na imensidão infinita, comer golfinhos e morrer afogada.lols...

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  2. Um tanto subjetivo e complexo.
    Tentou fugir do real, aquilo que o submetia a imaginar coisas confusas do proprio "eu-primordial".
    Nicolas era mais nada que um pobre coitado.

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