segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Falo

- Que número absurdo!
- É a nossa realidade.
- Tenho vergonha de publicar esse números.
- E a gente tem escolha?
- Mas dez mil mortos? Dez mil? É indecente.
- E não dá nem pra maquiar. Se diminuir pra nove ou oito... o problema tá no "mil".
- Bom, a gente coloca no meio da coluna de esportes. E uma bunda, bem grande.
- Acho que só a bunda não adianta. Pra esse caso vamos ter que ser corajosos para transgredir os valores dominantes.
- Tá falando em colocar xota?
- Talvez, mas tem que ser raspada e com um clitóris bem grande, parecendo a cabeça de um papagaio.
- Isso não é transgredir, já é estuprar a inteligência dos leitores com a porra de uma xota fedorenta. Vai dar em lepra. A sociedade, vai ver.
- Já tá tudo podre, chefe. Deixa feder em paz.
- Quer saber? Eu lavo minhas mãos! Tô fora!
- Ei, não é tão fácil assim. Tá todo mundo na lama. Você também tem uma mão nisso tudo. A idéia da bunda foi sua.
- Que cú!
- Agora aguenta o fedor.
- Me vê um cigarro.
- Acabou.
- Merda.
- Essa tem, é só enrolar o jornal e acender.
- Engraçado. Taí, vamos fazer uma coluna de piadas.
- Sou péssimo com piadas, chefe. Não tenho culpas se as pessoas acham graça do desrespeito e crueldade.
- É fácil, só colar a foto de algum imbecil de classe média e escrever sobre um garoto cheio de sonhos que vai descobrindo aos poucos que tem o falo menor do que o do cachorro que come a namorada. Vai prestar, essa gente gosta de cuspir no próprio espelho. Se não gostassem de uma porradinha de leve já tinham cortado nossas cabeças. Vai gostar de levar no rabo assim no inferno!
- Genial, chefe. Genial.

3 comentários:

  1. Muito interessante! Passei seu link para o jornalista Gustavo de Almeida. Espero que não se importe, rs!

    Abs!

    FDR

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