sábado, 15 de maio de 2010

Assim como são os homens, são os animais.

Abaixei a cabeça e vi um homem do tamanho de um alfinete. E pensei "nossa, em quantos homens será que já pisei em minhas andanças!?". Ele nem me notou. Continuou andando em sua pequenez relativa. Decidi acompanhá-lo.

Vi a miniatura de gente cumprimentar formigas num canteiro de obras, lacraias que vendiam seus corpos num bordel entre outros seres. As baratas ele parecia evitar... estavam entorpecidas, caídas num beco escuro e maltrapilhas. Na medida que dobrava minha atenção, notei uma situação kafkiana. Algumas formigas, depois de seu expediente, se amontoavam em torno de um lugar fétido e, ao se intoxicarem, adquiriam feições de barata. Nem tudo era o que parecia ser.

O homemzito entrou numa caixa de fósforo iluminada. Olhei pela janela e vi uma família de homemzitos se reunindo em torno de uma semente de feijão iluminada. Assistiam a novela das sete.

Como estava reparando naquele pequeníssimo mundo por muito tempo e adquirindo certo apego pelas suas figuras exóticas, minha sensibilidade foi aumentando e pude perceber os barulhos, os cheiros, as cores com mais nitidez. Minha percepção do pequeno foi aumentando e minha área de visão foi diminuindo. Enxergava cada vez menos a grandeza do mundo e cada vez mais detalhes daquele universo em miniatura. Era como se estivesse descendo um tobogã em altíssima velocidade, ou uma montanha russa cuja queda parecia interminável. Eu queria sair dali. Queria sair daquele mundo. Mas minha curiosidade e apego me traíram. Então, nasci.

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