Numa longa viagem de retorno ao lar, desavisado, passeava com olhos pela paisagem emoldurada na janela do onibus. Era noite, relampâgos e escuridão dançavam ao embalo de uma melodia de trevas e luz. A claridade foi tomando conta de mim e já dialogava com minha própria sombra. Ela pedia por atenção.
Quis encontra-la. Procurava na minha pele um mergulho em Deus, na sua assinatura, no seu detalhismo escondido na confusão da vida. Encarei a vestimenta preciosa da alma e comecei a perceber os sulcos, os pêlos, umidade, sombra e claridade. Quanta obra de arte a poucos centímetros de mim! Procurando beleza nas grandes obras esqueci da grandiosidade da obra que sou.
Apreciar um momento, um detalhe, é velejar numa aventura única, sua e do mundo. Da lei silenciosa do amor que sussurra pelos poros da sua pele, pelo jaula quente do seu peito que implora por jorrar coração. Que calor!
Que graça, escrita maravilhosa.
ResponderExcluirEstou impressionada com o modo que descreveu minha escrita e por tabela a minha pesonalidade tão escancarada para o mundo. Obrigada, de verdade. É encantador saber que existem pessoas delicadas como você. Me deixou bastante alegre. Seja quem for, sinta-se em casa entre minhas letras.
Beijos!