quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O casamento do homem de ferro.

Isíoda era um cavaleiro de Píthon. Sua agilidade com a espada era ímpar e sua beleza exótica lhe conferiam lugar de destaque na realeza. O jovem Rei lhe admirava e amava, as damas da corte lhe rodeavam e afagavam sempre que possível. Mas Isíoda permanecia distante.

Seus olhos pareciam perdidos para sempre no horizonte vermelho dos campos de batalha onde os corpos eram sem fome, sem alma. Do Sol em repouso surgia uma cama branca. Desejava repousar sua espada, abandonar sua vida de glórias pela garantia de um porto seguro, de uma cama imaculada e acalentadora. Mas sua glória era maior que sua própria vontade. Era caprichosa, sempre lhe exigindo mais e mais batalhas, mas e mais suor, mas e mais cuidados com a beleza. Sua glória o vencia a cada dia e cada noite se transformava num epílogo inacabado. Rezava por descanso, mas suas mãos não largavam a espada.

Um dia decidiu se casar. Se por paixão ou capricho, não sabia dizer. Nem mesmo o instinto mais forte e puro conseguia sobrepujar o fardo pesado de seu Nome. No dia de seu casamento, foi de espada. Ao abraçar sua noiva, feriu-a. Cortou sua a jugular ao beijar-lhe. O vermelho quente encheu a sua boca e pintou sua veste. A noiva se fora, o amor escorrera pela pele sem deixar marcos e a alma fora afogada pela tristeza. Mas lá estava sua glória para sua salvação. Sua Glória, sua danação.

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