segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Cartas de Asilo

Eu te vejo pela parede. Sim, eu te vejo. Seus olhos são grandes e você não tem amigos. Eu te vejo. Sei quem você é. Quer tomar chá comigo? Eu vejo a morte todos os dias. O calor se perdendo aos poucos. A gosma se desfazendo do corpo. Muitas lágrimas. Filhos perdidos, parentes sofrendo. É uma lástima que as nuvens da ignorânciaaaaa produzam tanto sofrimento. Me ajoelho na frente de uma mulher nua. Cheiro seu cabelo. Fede a morte. Ela morreu. Está morta e dança pra mim. Eu tenho vinte anos e não corro mais. Só me rastejo no meio dos cães. Rosno e traço minha própria roupa. Sou um cão selvagem e você um Deus maldito do Olimpo. Morte aos Deuses e morte a mim. Insignificância, você vem me ajudar. Sou salvo. Sou amigo. Sou Jesus. Eu digo e a verdade vem até mim. Salvação, paz. Renascimento e da-se fim ao ciclo. Ao meu amigo. Com carinho e desespero.

- Um velho louco que precisa de banho.

Querido amigo louco. Minha pele coça mas eu parei de pensar sobre isso e funcionou. Estou flutuando sobre sua mulher. Como ela engordou. Esta feia. Tem certeza que a quer junto a você? Precisaria de mais arsênico. Um grande abraço do seu cumpade.

- Zé

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