quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sobre a nossa existência

O corpo humano é a consecução de uma ideia inscrita nos genes. Esses, antes, refletem um plano delicadamente delineado pelas forças-movimento das energias atômicas, sub-atômicas, até o infinito, onde encontramos o movimento puro. Movimento esse que não se perde na matéria, mas se diferencia. Movimento perpétuo, eterno transformismo onde a vida não é seu último termo. E a expressão desta, na forma hominal ou animal, é apenas transitória, servindo de apoio para formas superiores de existência do princípio gerador-criante presente na finitude das formas, eternidade do transformismo e síntese das ideias puras.

A partir desse ponto de apoio podemos avançar para uma forma de pensamento mais abstrata, onde o meio e o fim tomam seus devidos lugares. A consciência do homem, seu despertar, também tem uma função. Se toda individuação fenomênica do princípio gerador-criante serve de base de apoio para um giro mais amplo da espiral, a consciência incipiente nos primeiros momentos da fase hominal também é base de outra forma mais abrangente, mais dinâmica. A função da base é solidificar-se de tal maneira, abrir-se e fechar-se em si, que seja inquebrantável conquista, indelével realização. O que realiza o homem com a consciência?

Realiza a sua abertura de compromisso e comprometimento. Sua experiência participante, sua capacidade de transformar e interagir com os fenômenos de forma crítica - crítica significa absorver e refletir de forma profunda - , observar os fenômenos e projetá-los. A reflexão primeiro se faz de modo inconsciente, lançando ao mundo exterior as experiências internas; depois o homem se percebe como síntese de uma trajetória compartilhada com os fenômenos que observa e analisa, onde sua capacidade de compreende-los é diretamente proporcinal à capacidade de sentí-los dentro de si como trajetória percorrida, conquista pessoal por meio de esforço e destino, chance e mérito. Este é o aproveitamento da vida e perseverança na quebra da casca de ovo das formas-base que servem de apoio para a estrutura mas oferecem resistência natural na avaliação do amadurecimento fenomênico da consciência. Os processos de expansão, contração, chave do amadurecimento, são múltiplos. Há nesse caminho um sentir novo - o pensamento - dos seus sentimentos primários. Assim, qualidades novas despertam com novo atributo e virtudes novas desabrocham em potencial realizador. Cumprir sua etapa com dignidade é aproveitar as falhas, observar como eterno aprendiz, contemplar e agir. Retroagir na forma para absorver de outro modo - consciencional - os atos e efeitos gerados pelas individuações exteriores do princípio, formando um arcabouço inquebrantável de novas riquezas. Junto aos instintos, nasce, acanhada, a inspiração. Aos desejos, a elocubração. Às necessidades, a temperança. Nada disso se faz de forma estanque. Tudo segue um ritmo que tem agora orquestração compartilhada com o próprio fenômeno individuado - a alma. Fagulha, segue teu rumo. Esquece teu passado para aprender o futuro na consecução do presente. Segue tua vida. Segue teu ritmo. Harmoniza tua música com o movimento do teu íntimo. Tome as rédeas da sua vida. Você é seu próprio presente. Sua própria música. Você canta o que tem dentro de si. Descobre mais notas, mais timbres, mais harmonias, mais oitavas, mais canções: descobre-te a ti mesmo.

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