segunda-feira, 1 de março de 2010

Volta ao mundo.

Nas colinas distantes de Lassa, um jovem monge se apaixona pelo vento. Sua sensação é de liberdade no alto da montanha, as preces sendo semeadas pelo mundo e notícias do Ocidente trazidas nas nuvens, no céu suado de um planeta cansado que ali faz seu repouso. E chove.

A chuva é leve e gostosa ao toque, a terra saboreia as bençãos e a semente toma coragem para mais um esforço no mundo; junto a tantos frutos já crescidos, feitos, aquela centelha de vida luta em nascer.

Do outro lado do jardim, numa terra desprovida de silêncio, a fumaça tóxica amortece a maldade que sai dos pulmões, extasiando a alma num estado profundo de sonolência. Correria pra cá, um corpo caí exausto acolá. E não chove há dias. Só fumaça e o breu da noite. O Sol por ali passa mas é pouco querido, muitas vezes evitado. Mas não cansa em salgar aquele povo, numa jura silenciosa de amor.

Eu estou aqui. Tocando essas notas repetidas, tentando juntar o separado, casar aquilo que há de bom com o negro do humano. E há brilho na união. Há regozijo, satisfação. Há a nuvem cansada e chorosa que faz brotar lágrimas de felicidade do solo sequioso de amor. Por que aqui, como na semente, há uma vida que cisma em brotar na esperança de alimentar o mundo e de se nutrir dos sorrisos saciados de felicidade.

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