domingo, 4 de janeiro de 2009

Um Veleiro na Noite - Parte 2.

Dois meses de viagem e haviam chegado na colônia portuguesa. As cores, os sons, os cheiros, o Sol, tudo parecia tão irreal naquele lugar. O exotismo era o sentimento predominante nas novas terras d´além mar antes visitadas apenas por piratas fantasmas e bárbaros cujas lendas diziam ser mais bestas que homens. Mas Michael não tinha tempo para provar as delícias tropicais. Dirigiu-se ao Comandante-mor do pequeno vilarejo, o Capitão Almar.

Sua casa era a maior do centro da cidade, próximo à Igreja de São Sebastião. Colonos e escravos populavam as pequenas ruas recentemente ladrilhadas, as únicas limpas de toda a vila. Michael esperava na grande sala com cheiro forte de ervas e madeira molhada quando a filha do capitão entrou.

"Trouxe-lhe um bom chá para acalmar o espírito. É uma receita indígena."

"Muito agradecido, mas ainda não conheci esses índios. Não se ofenda, mas meu corpo é prevenido ao que me é estranho. São folhas locais?"

"Sim, a maior parte. O Capitão, no entanto, prefere que sejam acrescentadas essências norueguesas. Mas acabaram. Tome, meu senhor. Lhe fará bem!"

"Deixe-o, menina! Ele já disse que não deseja chá algum." - gritou um homem de enorme pança e espessa barba negra. Seu rosto era terrivelmente marcado por inúmeras cicatrizes. - "Sou o Capitão Almar. O que deseja?"

"É uma honra conhece-lo, Sr. Capitão. Estou a procura de um capitão sueco que creio não fazer mais que três meses que desembarcara em seu vilarejo... Ingmar... Capitão Ingmar Schwatzman, senhor!" - Michael mal podia conter a angústia em seu peito.

"Qual é o seu negócio com esse capitão? Por um acaso é da Guarda Real?"

Michael achou estranha a pergunta, mas estava ansioso demais para prosseguir com perguntas desnecessárias.

"Não, senhor. Sou apenas seu Imediato. Fiquei para trás em Lisboa para tratar de assuntos pessoais. Disse ao capitão que me aguardasse na colônia por duas semanas; caso não aparecesse, que prosseguisse a viagem sem mim."

"Hmm. Muito bem. Vejo então que de nada sabe. Impressionante, visto como as notícias andam a cavalo nessa maldita vila."

"Oh, meu senhor. Me diga o que aconteceu."

"Bom.... como se chama?"

"Michael, Sr."

"Creio que seu Capitão esteja morto, Michael. Para muito além da floresta."

Michael não podia mais ouvir nada. O mundo tornara-se mudo, incolor. Seu coração, um baú oco de mil maldições. Os monstros o haviam alcançado, amarrado suas pernas na âncora do desespero e sua alma afundava rapidamente no oceano da morte.


Continua...

5 comentários:

  1. Cara, adorei a continuação! Gostei da forma mais leve como o tema está sendo tratado e mal posso esperar pela próxima parte, então, não demore muito para a próxima parte *-*

    Não é nada melhor do que marinheiros/guerreiros/caras-fortes e amor entre eles. Fikdik *-*

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  2. Véei, que conto maassa.

    Tenho que te dar os parabéns mesmo. Além de estar super bem escrito e a história BEM amarrada e panana, sua coragem pra escrever slash é o máximo.

    Eu tive muito receio no começo sabe, mas as coisas começam a fluir e slash é muito legal de ler e escrever, por que além de se rum romance, é algo diferente e de certa forma... proibido.

    Parabéns mais uam vez, estou aguardando ansiosamente mais desse conto que tá super legal ^^

    abraços õ/

    p.s.: eu escrevo também. por enquanto, só fanfics. Pode me achar aqui: www.fanfiction.net/~roonilw. o/

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  3. Nossa! Cara, você escreve muito bem! *-*
    Adorei a narrativa e a maneira como os sentimentos são descritos através de uma visão ligada ao próprio cenário: navio, mar...
    E não pare de escrever, está muito legal!
    Parabéns!

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  4. A continuação ficou muito boa, acho que você deve postar em outro lugar além do seu blog.
    Beijos

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  5. nossa! achei muito bom..mesmo...não sabia que escrevia tão bem! gosto dos detalhes...
    e estou esperando a continuação!
    beijo

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