domingo, 3 de fevereiro de 2008

Derek

Derek trabalhava na bolsa de valores. Seu novo emprego acabara por acelerar toda a sua vida, pondo fim a pendências que o arrastavam para trás; ora por bem, ora por mal. Foi assim com sua noiva, Letícia. Estavam noivos há cinco anos, e há cinco anos Derek suportava seus mimos infantis e falta de consideração com o sacrifício que era, para ele, delongar um casamento que vinha planejando desde o primeiro mês de namoro. É incomum, decerto, encontrar um homem cujo grande sonho é ter uma família; mas Derek não era era, de longe um rapaz que pudesse ser enquadrado em qualquer papel social ou perfil psicológico de um belo jovem recém-formado e com grandes influências políticas.
Seu pai era comerciante de drogas lícitas e ilícitas, negócio de família. Portanto, não encontraríamos aí as raízes de seu ritualístico consumo de cocaína. Ritualístico porque encarava tanto o trabalho como seu hobbie preferido - o automobilismo - como cerimônias religiosas que o ligavam, segundo Derek, a algo de transcendental. Vender ações e dirigir eram como sexo tântrico, unia as pontas extremas do prazer e espiritualidade na branca santidade do pó.
Derek acabara de sair de mais um exaustivo dia de trabalho, suava da cabeça aos pés mas não queria se banhar antes de dirigir. Como já dito, Derek encarava o seu trabalho e seu hobbie preferido como faces de um ato sexual religioso e não terminava seu dia sem satisfazer as duas partes; era um compromisso moral. No porta luvas, encontrou a droga para reabastecer sua coragem e determinação e assim partiu rumo à auto-estrada. Era noite de sexta-feira, a orgia dos egos estava apenas começando.

3 comentários:

  1. prossiga, prossiga... estou acompanhando... (sentado no banco de trás)

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  2. esse post era pra dar vontade de cheirar? HAHAHAHA

    ;P

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