domingo, 6 de janeiro de 2008

Uma dose mais concentrada.

Uma lata de formol com um coração dentro. O cheiro ocre envolve toda a superfície e lança seu charme aos pulmões dos desavisados. Nada salvaria aquele corpo, tonto, morto. Só uma única ilusão o prendia à vida: a maldita liberdade.

Largou tudo, foi morar bem longe. Nos campos pálidos do sul, onde um vento gelado cortava a espinha e o ar seco arranhava a garganta. As palavras deitavam-se prematuramente assim como o preguiçoso Sol, que tardava a nascer e teimava em morrer antes do tempo.

Nada lhe parecia natural, embora jamais estivesse tão afastado da sua realidade cinza e cruel. O verde parecia tão opressor quanto a mal-educada fumaça citadina. E a liberdade... ah, nunca se sentira tão livre para ser escravo.

2 comentários:

  1. Pequenas doses altamente concetradas... esse é o caminho! Gostei muito! Já está nos meus links favoritos! E continue, por favor... =)

    Abraços,
    Gus.

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  2. errata:

    escrevi errado a palavra "concetradas". Acho que faltou concetração, mas enfim...

    etc.

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